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Premiê da Coreia do Sul oferece renúncia após derrota nas
Enfraquecido por vitória da oposição no Parlamento, presidente vê saída de aliados e promete série de reformas

O premiê da Coreia do Sul, Han Duck-soo, colocou seu cargo à disposição nesta quinta-feira (11) após a vitória acachapante da oposição nas eleições legislativas, segundo a agência Yonhap. Horas depois, o presidente do país prometeu uma série de reformas "para estabilizar a economia e a vida das pessoas".

Na véspera, o PD (Partido Democrático), de centro-esquerda e principal legenda da oposição, conquistou 174 de um total de 300 cadeiras na Assembleia Nacional, segundo dados da Comissão Nacional Eleitoral. O resultado representa um salto no número de representantes do partido —a legenda atualmente tem 156 assentos. O conservador PPP (Partido Poder Popular), do presidente Yoon Suk-yeol, ficou com 108 cadeiras, abaixo das 114 na legislatura em fim de mandato.

O resultado foi considerado um golpe duro para Yoon. Segundo analistas, o atual líder ficará enfraquecido para os últimos dois anos de mandato e sem capacidade de promover as medidas conservadoras que defendeu na campanha.

Diante da derrota, o premiê Han Duck-soo e outros funcionários do governo, incluindo conselheiros presidenciais seniores, também ofereceram suas renúncias a Yoon —na Coreia do Sul, o premiê não é chefe de governo e é escolhido pelo presidente, com função mais parecida com a de um vice-presidente. Já o líder do PPP, Han Dong-hoon, anunciou a saída do cargo.

Yoon não comentou as possíveis baixas no governo, mas prometeu reformas para aliviar a crise. "Honrarei humildemente a vontade do povo expressa nas eleições gerais, reformarei os assuntos de Estado e farei o máximo para estabilizar a economia e a vida das pessoas", disse, segundo o porta-voz de seu gabinete.

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O resultado eleitoral representa "a maior crise política" para Yoon desde que ele chegou ao poder, segundo o jornal conservador local Chosun Ilbo. Enfraquecido, o presidente começou a ser chamado de "pato manco", expressão usada no país asiático para líderes com pouco poder de fato.

Analistas avaliam que a votação refletiu a frustração com o governo devido à desigualdade e a índices considerados altos de desemprego entre jovens. Yoon também foi prejudicado pela divulgação de um vídeo, com imagens registradas por câmeras escondidas, que mostram a primeira-dama, Kim Keon Hee, aceitando uma bolsa de luxo Dior avaliada em US$ 2.200 (cerca de R$ 11 mil).

O presente viola as leis sul-coreanas que proíbem os funcionários públicos e seus cônjuges de receber qualquer objeto de valor superior a US$ 750 (R$ 3.770). Yoon chamou o vídeo de "armação política" e afirmou que sua esposa só aceitou a bolsa porque era incômodo recusar o presente.

As eleições representaram ainda uma revanche para o líder da oposição, Lee Jae-myung, 60, que perdeu por uma pequena margem as eleições presidenciais de 2022 para Yoon. "Esta não é a vitória do Partido Democrático, mas uma grande vitória para o povo", disse o político, que foi esfaqueado no pescoço durante um comício de campanha em janeiro. "Os políticos de ambos os lados devem unir forças para enfrentar a atual crise econômica. O Partido Democrático liderará o caminho para resolver a crise."

Críticos descrevem Lee como populista e mencionam uma série de acusações de corrupção que pairam sobre ele, as quais o político nega. A vitória da oposição, porém, pode dar ao opositor uma nova chance de alcançar a Presidência. "Com este resultado, Lee se tornou o legislador mais poderoso à medida que a corrida presidencial se aproxima", disse o analista político Yoo Jung-hoon à agência de notícias AFP.

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Yoon assumiu o governo com posicionamento linha-dura em relação à Coreia do Norte, ao mesmo tempo que se aproximou dos Estados Unidos e do Japão, ex-potência colonial com a qual a Coreia do Sul mantém divergências históricas. Mas, nos últimos meses, a agenda do líder tem sido bloqueada devido à fraqueza do seu partido na Assembleia Nacional.

"A eleição é uma dura advertência do público que forçará Yoon a mudar de rumo e a cooperar com a oposição se não quiser ser um líder sem peso durante o resto do mandato", disse Chae Jin-won, da Universidade Kyung Hee, à AFP. "Se Yoon não encontrar uma forma de trabalhar com a oposição, "seria possível um impeachment, que algumas facções do partido no poder poderiam abraçar em prol do próprio futuro político."

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