Saiba quem são as vítimas do avião que caiu em Ubatuba
O acidente envolvendo um avião de pequeno porte deixou uma pessoa morta e outras quatro feridas na manhã desta quinta-feira, no litoral de São Paulo. A aeronave, que tinha uma família a bordo, ultrapassou a pista do Aeroporto de Ubatuba e explodiu na Praia do Cruzeiro. O piloto ficou preso nas ferragens. Ele é a única vítima fatal confirmada até o momento.
- Família Fries: Avião que saiu da pista e explodiu em Ubatuba pertence a fazendeiros de Goiás
- Nota oficial da empresa: Aeronave ultrapassou a pista e atingiu alambrado ao cair
Quem são as vítimas do avião que caiu em Ubatuba (SP)?
A informação oficial é de que o acidente envolveu cinco pessoas que estavam na aeronave. Pedestres também teriam sido atendidos na ocorrência, mas apenas uma precisou ser encaminhada ao hospital e passa bem. Ela tentou correr da situação e acabou torcendo o pé.
O piloto, identificado como Paulo Seghetto, ficou preso entre as ferragens e veio à óbito. Os quatro passageiros foram retirados vivos dos destroços da aeronave e encaminhados para a Santa Casa de Ubatuba.
Segundo a prefeitura de Mineiros, as vítimas seriam Mireylle Fries, que pertence a uma família de fazendeiros de Goiás, o marido Bruno Almeida Souza e seus dois filhos pequenos, Lucca e Aila.
O hospital Santa Casa de Ubatuba informou que todas as vítimas socorridas estão com o estado de saúde estável. A unidade não confirma os nomes.
Inicialmente, a Prefeitura de Ubatuba havia informado que duas pessoas haviam morrido no acidente. Contudo, às 11h23, a administração municipal corrigiu a informação para apenas a morte do piloto.
Avião que caiu em Ubatuba pertencia a fazendeiros de Goiás
A aeronave pertence a uma família de fazendeiros de Goiás que enriqueceu com a produção de soja e venda de maquinário agrícola no município de Mineiros, na região sudoeste.
Os donos do jatinho estão identificados no Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O Cessna Aircraft modelo 525, de prefixo PR-GFS, foi fabricado em 2008 e adquirido pelos irmãos Nelvo, Celso e Milton Fries em 2010.
Milton, já falecido, era marido de Maria Gertrudes Fries, que também aparece agora como proprietária da aeronave, assim como os herdeiros Mireylle, Crystopher e Leyna, divivindo as cotas que antes eram do patriarca.
Maria Gertrudes é sócia de quatro empresas, incluindo uma holding, duas companhias de produção agrícola e uma de maquinário, adquirida no ano passado pela John Deere. O capital das empresas declarado à Receita Federal supera R$ 79 milhões.
O piloto falecido, por sua vez, estudou em uma escola de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, mas começou a carreira como copiloto na companhia Sete Táxi Aéreo, que tem sede em Goiânia, em 1997, onde trabalhou por mais de 13 anos. Depois, tornou-se funcionário da antiga Passaredo, atual Voepass. Desde 2014, porém, dedicava-se ao serviço de aviação executiva, conforme publicado em suas redes sociais.
- Veja: Vídeo mostra criança sendo resgatada de avião que caiu em praia de Ubatuba, no interior de SP
Como é o avião que caiu em Ubatuba?
A aeronave consta em situação regular, com Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido até 3 de setembro de 2025. Segundo o registro, comporta até oito passageiros, contando com o piloto, e opera com dois motores a jato. No entanto, não conta com autorização para táxi-aéreo.
A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que equipes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) estão no local para realizar a perícia inicial e apurar as causas do acidente. A Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e a Guarda Civil Municipal isolaram a área para o trabalho das equipes de resgate e investigação. Aproximadamente 20 bombeiros atuaram no resgate das vítimas e no controle do incêndio.
O que se sabe sobre o acidente
A aeronave decolou do Aeroporto Municipal de Mineiros, em Goiás, às 8h54min, de acordo com o site FlightRadar24, e tentou pousar em Ubatuba próximo das 10h. A operadora do aeroporto declarou que as condições meteorológicas eram "degradadas, com chuva e pista molhada".
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o avião cruzando a pista em alta velocidade. A aeronave se choca com um veículo e explode já na faixa de areia. Segundo a TV Globo, o carro pertencia a um motorista de aplicativo que estava com um passageiro no momento; nenhum deles ficou ferido.
Fonte do Corpo de Bombeiros relatou ao GLOBO que todos os quatro passageiros foram retirados conscientes dos destroços, mas "desorientados". Já o piloto não resistiu ao acidente e morreu no local.
A Santa Casa de Ubatuba afirmou em nota que os pacientes atendidos permanecem estáveis e começaram a ser transferidos para o Hospital Regional de Caraguatatuba. "Detalhes dos atendimentos não serão divulgados", declara a instituição.
Em nota, a Força Aérea Brasileira (FAB) afirmou que investigadores do órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), localizado em São Paulo, já foram acionados para realizar a avaliação inicial da ocorrência envolvendo a aeronave.
Extensão da pista
A pista de pouso e decolagem do aeroporto de Ubatuba conta com 940 metros de comprimento de cobertura em asfalto. A estrutura, em tese, seria compatível com a necessidade do jatinho em condições normais, que é de 789 metros, conforme dados da fabricante.
Contudo, relatório do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, gerido pela Força Aérea Brasileira (FAB), aponta que 380 metros da pista 09, onde o avião teria tentado pousar, no sentido da praia, estariam indisponíveis para a manobra.
Desse modo, restariam 560 metros de área útil para o pouso. A pista molhada e o peso da aeronave também podem influenciar no desempenho da frenagem, segundo especialistas.
Como comparativo, a pista principal do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, que tem capacidade para receber voos comerciais bem maiores, conta com 1.940 metros de comprimento. A pista principal do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, tem 1.323 metros.